la crema de la crema

poema de Demétrio Panarotto





Crematório



cremação pública,
o poste, o homem amarrado
na praça, ali, no
latifúndio do estado

la crema de la crema
de la crema de la crema

os romanos de hoje
incendeiam e
incendiados
eufóricos gritam:
[fritam no asfalto o cu
o furico]
habemus césar
habemus papa
habemus hitler
habemus capital
que tal ?
quando algo não vai bem
mal, o de sempre o habitual
o culpado é a sobra do real
o fora do quadro, da fotografia
que tu não viu no canal
afinal, a imagem do brasil
desde muito sempre
                                                                              [igual surreal genial]
é meramente ilustrativa
e claro, passional

la crema de la crema
de la crema de la crema

o fogo agora
substituiu a guilhotina
que substituiu o fogo
que substituiu a guilhotina
que substituiu o fogo
que substituiu a guilhotina
que substituiu o fogo
que substituiu a guilhotina
que substituiu o fogo
que substituiu a guilhotina...

la crema de la crema
de la crema de la crema

o menino
filho do estupro
de pais e de mães fornicados
no simplório de sua educação
se diverte acrescentando
um graveto na história
para no (seu) futuro
in glória
quando achar que se sentiu lesado
heroico brado retumbante
encontrar no povo o mesmo culpado
e substituir o método
a guilhotina pelo fogo
ou o fogo pela guilhotina
e assim
[massa de manobra]
fazer girar a máquina do estado
o açougue humano
a outra a mesma
a eterna (e gravata) chacina.

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