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Mostrando postagens de novembro, 2017

animal imóvel

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poema da  Juliana Meira o helicóptero cobre nosso sono pobre animal imóvel em vigília está louco pois nutre parasitas

o presidente dessa gente escrota

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poema de Manoel Herzog Fascistas na internet se comprazem em ver uma manifestante ser cegada por uma bala de borracha. Agora que o PT de barba ao molho Foi posto, eu vim pra salvar a nação. Não admiti-lo-ei esculhambação: Pegar falando mal de mim recolho, Mando pra DEIC ou DOPS, eu que escolho Minha polícia é foda, tem boi não, A única lei boa é de Talião Eu cego baderneiro olho por olho. Nem vem com graça, Direitozumano, O meu ministro é o chefão dos mano Tem trânsito no PCC e na ROTA. Me apoia um bando de filhadaputa Que ao ver uma menina cega exulta - Sou o presidente dessa gente escrota.

salvemos essa porra

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do editor salvemos essa porra, sim (ainda que não haja salvação), mas desde que isso não nos obrigue a passar uma borracha sobre a burrice, seja à direita, seja à esquerda ou ao centro do leque político-partidário. o nacionalismo da urgência urgentíssima. a rotina do curto prazo. ô, brasil, sempre o negócio meio assim, o conciliábulo em que fica estabelecido:                                vamos tirá-lo do buraco a qualquer custo. ô, brasil, sempre à beira da dissolução econômica, institucional, moral. aqui, o indigníssimo usurpador diz que agora que o salvamento acabara de chegar (suas reformas o de-comer ao mercado), um complô se arma contra ele. ali, só com o lula-lá poderemos impedir o sequestro completo dos nossos direitos e da normalidade democrática. poesia política ou um poetariado com luva de pelica. escolhas sempre extremas e já cumprindo hora-extra. formular isso como uma questão, há muito deixou

certeza

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poema de Celso Borges [Diego Dourado] certeza ainda que tivesse de passar o resto dos dias afogando palavras no aquário manteria livre o ar do meu pulmão suficiente sopro para o grito eterno de amor ao poema ou ainda mordendo os ossos em fúria sacar do berro o mais violento palavrão: filhos da puta! Celso Borges poeta, jornalista e letrista de São Luís (MA). Parceiro de Chico César, Fagner, Criolina e Zeca Baleiro, entre outros, tem dez livros de poesia publicados .

mobiliário 2017

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poema de Felipe Haffner mobiliário Brasil do ano 2017 mesmo na madeira seca e dura o cupim pode se alojar nas galerias mais profundas realizar o seu trabalho na surdina e alimentar a sua prole por muito tempo sem manifestar nem um traço perceptível do estrago os moveis do judiciário do legislativo, do executivo do privado e do publico que por dentro enfim devoram e quando dos pequenos furos transbordarem seus grânulos fecais e as aleluias iniciarem a sua revoada nenhuma reza mais forte ou mandinga poderá conter os danos tudo está estará perdido quem vai mobiliar a casa vazia?

a cidade é vermelha

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poema Angela Maria Quinto A cidade é vermelha Não há rios azuis sob o chão de pedras Não há cidade limpa e seus muros verdes Não há espaço rosa para tanto despertencer Não há saliva suficiente para lamber feridas roxas Não há legalidade nas línguas branco-açúcar das crianças Não há arquitetura que suporte calçadas negras Não há mais tempo para lamentar a ausência do degradê Não. Não há A cidade é vermelha Sob nossos pés, um manso mar de sangue

habitante do poema preto

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Marcelo Martins Silva Habitante do poema preto   Trago as veias abertas no asfalto  E aqui na cidade sitiada vejo  Corpos mutilados, restos de estrelas,  Gente esmagada na paixão do progresso  Sou o poema não permitido pela academia  Desalinhado, sem métrica nem rima Leitura proibida  Aquele que se formou fora de idade,  Numa faculdade qualquer.  Sou do quintal da casa Enraizado nas entranhas do tempo  Da colônia africana, periferia e gueto, Filho do morro Santana  Verso de mais de mil quilombos Percorridos por navio, terra e ônibus  Sou o poema de pele escura  O não lugar em nenhum lugar do mundo  A voz dos que caíram afogados Mas também a mão da resistência Dos que chegaram até aqui Pra escrever com sangue a palavra liberdade

perdidos no tempo

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poema de David Lopes Pensamentos de um dia cheio, de uma casa escura e uma cidade perdida no tempo Uma cidade sem água Uma cidade sem luz Um transporte público caro pra chuchu. Um prefeito fantasma Uma corja de urubus Morcegos sugando nosso dinheiro (cadê o SUS?) Sangue correndo pelas vilas, ruelas Indignados dos castelos gritam: "cortem a mão, assim não haverá mais ladrão." A festa junina alegra a criançada Já que a profissão de professor tá virando palhaçada.

contra a pureza literária

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poema de Daphini Couto Guerrilha narrativa Dedo no cu e gritaria Literatura

marchezan, a parada de ônibus e o celular

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poema de Josué Orsolin Recarrega o celular na parada Pega o bus Fica frio que tem ar Respeito não tem Mas tem sinal de bobeira Olha os ratos Botando queijo Na tua ratoeira

ouça algumas vozes

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Ouça a voz pública da poesia: http://www.desterrocultural.com.br/?wix-music-comp-id=comp-j86sc4t8&wix-music-track-id=5693417237512192

moinhos de vento é um terror

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poema de Marlon Pires Ramos Cês falam de Halloween Terror mesmo é ser preto e trabalhar no Moinhos de Vento parça O racismo deforma os rosto aqui As bruxas de HB20 vomitam na tua cara que Brasil é ruim. Bom é Londres! Que é mais barato comprar em euros e o caralho. Os vampiro cabeça branca meio morto meio vivo ficam lá sugando a alma de vendedor. Tratando mal quem tem a pele escura. Não é todos assim não. Esses dias, um tio empresário dono de sei lá quantas loja, trocamos uma ideia. Leu uns verso meu e disse 'Muito bom tem futuro. Investe'. Mudou meu dia. Mas que essa porra de Moinhos de Vento é um terror racista tipo Corra! Isso é.

altar

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poema de  Clarissa Macedo Altar Migra a coisa escondida sem hora, sem dia. O tempo repousa fundo e corre pelas sombras e pelos vales. Será que volta? Será que vem levar da vida as horas de trabalho, as rezas não ouvidas, os olhos demonizados num lugar que não acalma, nem guia mas bate e apavora? Será que é pra lá  que vão? Não olham o céu ou o dicionário Mas, ah, a novela - esse livro didático, esse mantra, essa bíblia que enlouquece. Deus proteja a família: os filhos adoecidos, a mulher lavando pratos, o homem na rua babando por criancinhas – o museu fechado. O mundo e sua indústria da carochinha, é dele o dinheiro sagrado. 

expectativas colonialistas

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poema de   Anelito de Oliveira Expectativas colonialistas Você me quer livre. Você me quer voando. Você me quer voando alto. Você me quer condor (você acredita em Castro Alves). Você me quer sonhando e, Se possível, até voando. Voando alto, bem alto, cada vez mais alto (você acredita que tudo é uma questão de querer). Você não me quer triste. Você me quer sorrindo. Você me quer sorrindo para tudo, De tudo, com tudo. Você me quer como uma hiena (você acredita que a realidade é filme). Você me quer celebrando a vida. Você me quer fazendo festa. Você me quer tomando vinho. Você me quer passeando nos shoppings. Você me quer num carro novo. Você me quer com um celular novo. Você me quer tirando fotos E postando a cada segundo no facebook. Você me quer disparando fotos De onde eu estou agora pelo whatsapp. Você me quer curtindo Com muitos amigos nas melhores baladas. Você me quer vivendo Uma vida de celebridad

save us

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poema de Jorge Rein SAVE THE WHALES! Maria, tão só Maria Maria sem sobrenome Maria-vai-com-as-outras As outras mortas de fome. Maria agasalha o feto Com a página do esporte Maria das tetas murchas Amamenta a própria morte. Maria pariu um anjinho Em cesariana de açougue Maria afagou seu filho Antes que a vida o afogue. Mas as baleias Coitadas das baleias Meu Deus, ai, as baleias Merecem melhor sorte. José ficou sem emprego E virou bobo da corte Fazendo graças nas ruas Nem sempre em troca de um cobre. A riqueza vai por dentro Para quem tem alma nobre José assaltou a quitanda Porque José é todo pobre. Trancaram José na cela Com sete chaves e um corte Aberto de orelha a orelha Riso que dura uma noite. Mas as baleias Coitadas das baleias Meu Deus, ai, as baleias Merecem melhor sorte. A tribo dos mendicantes Toda vez que um deles morre Os outros viram o copo Antes que o luto, um bom porre. Morte morrida é só luxo Pra quem vive a ban

ecce homo

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poema de Leonardo Antunes ecce homo esse homem, enterrado até o pescoço na pilha de embalagens e dejetos, recuperando um naco de alumínio, um papelão e três garrafas PET, ou empurrando pelo asfalto quente, das cinco da manhã às seis da tarde, duzentos quilos de quinquilharia no dorso da carroça improvisada, talvez um dia tenha tido um nome de que talvez se lembre mesmo que hoje atenda apenas por fonemas soltos; talvez nem saiba de que ventre veio nem a que ventre vai no frio da noite, quando a tristeza vence o coração.

woman sapiens

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poema de Clarissa Macedo Woman sapiens Ao lado do formicida das horas me preparo para decapitar a memória, esse exército adversário, as aulas de etiqueta que não tive. Preparar o frango é um raso do cotidiano, quando o outro parece uma agulha nos olhos. No princípio, o fim não sabia que chegaria na longa fila dos anos e do sus. No instante em que aportei minha ilha não me disse que a vida escreve os nomes da eternidade. O neolítico é um planeta onde as dunas viram sangue, e os corpos     passagens do agreste. Neste espanto do mito sonho um teste de virgindade da beleza na boca dos homens e cumpro o destino absurdo do mundo.