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Mostrando postagens de junho, 2018

7 X 1

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poema da Aldo Votto 7 x 1 copa do mundo de novo e ainda ontem foi aqui amarelo virou ouro em corpos de sempre com tudo para triunfar às sete pragas das germânias contudo o galalau se curvou a primeira vaiou mulheres a segunda pateou pobres a terceira vituperou negros a quarta apupou índios a quinta enxovalhou gays a sexta esconjurou operários a sétima   abjurou crianças restou ilesa aquela uma vaiada pateada vituperada apupada enxovalhada esconjurada abjurada em todas vias intacta inexorável impávida inelutável a saber para contar a história ou para vencer a revanche: a ideia

o trovador

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poema de Thaise Diaz O trovador Para meu pai, a possibilidade de uma poesia hereditária O morto deixa uma lacuna inexata Manhãs costuradas na borda opaca desse abismo Reluz minha mão Gravada na sua testa fria Na feira deste sábado O sal da lágrima estraga as frutas E lava a praça do mercado Não há anúncio de vendas Nem haverá som de acordeom Na garganta Uma estenose invalida minha boca Agora sou outra

xirê

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poema de Matheus Pazos XIRÊ destrava minha língua meu peito poroso invada sou recife; ondas não assustam afugenta o silêncio o grito não pode ser meu quero outra voz pra contorcer carvalhos e correntes

leve & breve

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poema de Alex Ratts leve & breve agora tudo parece leve e breve depois de oitenta tempos deve ser leve sempre devia o peso da carne, dos ossos, das ideias não sei sei lá que seja depois de oitenta voltas que volte

tarde aprender

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poema de Cândido Rolim tarde aprender algo para que jamais se mostrou apto pela única razão de executar o inimaginável traço

lua à vista ou uma resposta a leminski

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poema de Guilherme Medeiros lua à vista ou uma resposta a leminski quanta ingenuidade, paulo, acreditar na mera dúvida sobre  a presença ou não  da luz sobre auschwitz a lua brilhava sobre auschwitz a lua brilhava sobre a Estácio a lua brilhava sobre cada labareda de carne viva queimada a lua brilhava sobre os ratos metidos nas mulheres da ditadura a lua brilhava sobre a Shoah, sim a lua brilhava sobre auschwitz a lua brilha hoje sobre o golpe a lua brilhou sobre os aplausos ao casamento real a lua brilhava sobre os navios lotados à todo custo de carne negra tomada para escravidão (mesmo que não coubesse sequer um feixe de luz que pudesse ser refletido pelas peles azuis, a lua brilhava) lua à vista dando contas de que a magnitude da natureza não se dobra diante da mais desastrosa barbárie humana não somos daqui e a lua continua a brilhar não estaremos mais aqui e a lua vai brilhar (sem contar o sol) vamos explodir em á

é tão tarde

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poema de Luiz Carlos Quirino Já é tão tarde e ainda nem começamos a escuridão persiste ao longo do dia acordamos exaustos e há tanto a se fazer o tempo esmaga nossos dedos comprimidos sob os acontecimentos nossas unhas são pretas apenas os loucos mantém os dedos intactos entretanto tenho pena deles e temo por nós por nossas unhas que cairão mesmo com tanto ainda a se fazer mas já é tão tarde e tão escuro –  sempre noite

O SENHOR FARÁ BROTAR ÁRVORES MORTAS

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poema de Adriane Garcia O SENHOR FARÁ BROTAR ÁRVORES MORTAS Num delírio de êxodo O homem descalço procura Sobre pedregulhos Outra sombra que não seja a sua É um dia eterno e quente Como são os dias nas descrições do inferno A água é cara Os comerciantes raivosos Os cães ladram na boca do Sol E as caravanas passam (esmagando os olhos beduínos das crianças) Enquanto isso... Deus procura a Terra Prometida Pois em nós só nascem as plantas invasoras Incapazes de vencer a acidez da cal.