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Mostrando postagens de julho, 2018

MANTRA PARA UMA QUARESMA DE CINZAS

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poema de Cândido Rolim MANTRA PARA UMA QUARESMA DE CINZAS Suspenda sangue de sua dieta durma na hora do almoço homem de bem já nasce gordo homem de bem é vc que não existe mais o medo anda em carro blindado o medo não é flor que se enxergue saia de sua casa com as mãos desatadas faça crochê ao invés de cidade alerta não dê comida aos canalhas bem pagos o medo também comete excesso não dê alpiste ao medo não dê ouvido ao gatilho 190 não almoce na latrina a violência não é um ser de carne e osso vc não tem latifúndio - não compre arma vc não precisa de capanga a cotação do medo é alta ponha luz na calçada moroni datena bibo nunes são flácidos mascotes de regimento e recomendam a auto mutilação ponha a cadeira na calçada e não eleja monstros

fiapos

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poema de Aldo Votto rasgaram-se caíram-se últimos fiapos da fantasia a máscara não a máscara não cai a máscara não sai implante geracional branco de cera celhas de ódio esgar de inveja cenho de repulsa comissuras soldadas verniz de cisma lagrimão estorricado pelo inferno augurado máscaras nuas tripúdio na imundície donaire reptante fina flor fedorenta mais cedo ou mais tarde gogo, gosma e escaras matéria orgânica, humo comida de escaravelhos cinzas, pó, opróbrio eterno

o mundo novo é agora

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poema de Marcelo Martins Silva Contada desde então Essa história É o que somos, sou eu Carne Também cromossomos Todos negros, meu nome Debaixo da carne A mão que escreve essa história É negra Rubra debaixo da pele É negro o tecido As fibras que enrijecem o músculo A luz que anima os ossos O mar inconstante do mundo É negro Trazidos, mais uma vez Pra colonizar a Terra A Europa, Américas Oceania O mundo novo é agora! Pardo é papel Mestiço é o sangue Preto é o que somos Os donos dessa história

lança e grito

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poema de Matheus Pazos OGUM escombro na lama quase bicho do lixo catarro encoberto no branco interdito cantiga compromisso ignora o silêncio de lábios selados por séculos de ódio o tesouro permanece tem voz enfraquecida anciã na espera da caça derradeira apocalipse ao avesso mira pra dentro e olha  pra cima na quebra de todo escárnio agora  resta apenas lança e grito.

a disparada do mulo

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poema de Aldo Votto a disparada do mulo I pelos pampas, mas quem diria? eis que disparou o mulo e como a tava de culo [1] o orgulho guasca [2] caiu. de lampo lembrei do meu tio honrado gaúcho de a pé que muito letrado não é mas que já pegou em fuzil II me ensinou o tapejara [3] lições para toda vida do valor do vermicida aos méritos de um ideal se tivesse colado grau é possível que soubesse usar a cedilha e o esse sem distinguir o bem e o mal III pois pelo que tudo indica hay gaúcho diplomado que quer votar num tapado [4] . não num flete [5] com tal pelo! mas no tal mulo modelo muar a quem chamam ‘mito’ e o sobrenome não cito pangaré do desmazelo IV mui metido a colhudo [6] não é mais que um rufião [7] que quer passar por redomão [8] sempre num tom desairoso topetudo a pedir toso [9] oigalé [10] ! maula [11] ganjento [12] que só com versos enfrento chomisco [13] ! vil asqueroso V bah