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Mostrando postagens de março, 2019

nunca mais

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poema de Lau Siqueira NUNCA MAIS Uns jogavam pessoas nos fornos das usinas e depois iam pra casa assistir o Jornal Nacional. Outros torturavam o dia inteiro: choques na vagina, no pênis, no ânus... Retornavam à noite com a Bíblia debaixo do braço para cuspir num Cristo sangrado. Sobrevoavam o Atlântico despejando corpos. Enfiavam agulhas nas unhas. Davam porrada. Estupravam prisioneiras. Lacaios! Estavam apenas cumprindo ordens. Ainda hoje lambem as botas dos ianques. Baixam as calças para Trump... Celebram ditadores pedófilos. Chupam O ovo de Netanyahu. Fizeram escola. Criaram correntes de mentiras repetidas. Inventaram mamadeira de piroca. Elegeram um presidente que quando perguntado sobre os desaparecidos diz que não é cachorro para ficar procurando ossos. Beócios!

fantasma

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poema de Ricardo Silvestrin FANTASMA Eu sou o fantasma do comunismo  e cheguei aqui pra te assustar. Nem sei como se assusta  no século vinte e um, se com foice e martelo ou com mouse e uma tela. Estava dormindo entre brumas e mandaram me chamar entre trinta e um de março  e primeiro de abril. Contra mim, deram um golpe, sou o precursor da fake new. Lutar contra fantasma é fácil. Quero ver distribuir renda, melhorar educação, saúde, emprego, segurança. Sair do Twitter e parar de só fazer lambança.

o evangelho segundo o bolsonazifacismo

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poema de Guellwaar Adún Brazil — o evangelho segundo o bolsonazifacismo coerentes         fogos de artifí cio                       o estupro                       a tortura                       a morte a necrofilia, irm ã g ê mea do que fermenta na cabeç a hienas crentes, a boa nova de Caronte goela abaixo coerentes            soltam fogos                   o assassinato de Zumbi                   o desterro de Luiza Mahin                   a execu çã o de Marielle Franco                   a crucifica ção do Mestre Moa herons’ s subtlety waiving to the plastic bag inside the Ocean belly a asa do anjo caiu na na pedra de Pedro nos diamantes do Malafaia no canto bilion á rio do Edir no sangue-cifr ão do Valdomiro a beatifica ção da besta evang é lico-miliciana acende a fogueira das vacas, dos porcos, das guerras e das bruxas — os estigmas da loucura hienas crentes, a boa nova de Caronte goela abaixo

rompeu-se finalmente

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poema de Paulo de Toledo rompeu-se finalmente a barragem  de fezes milhares morreram afogados mas felizmente segundo os outros felizes milhões de afortunados os sobreviventes tinham os narizes entupidos

poema da extinção

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poema de Leila Guenther Poema da extinção A noite destrói a oração dos insones, o coração das trevas e dos leões                                 [que ronronavam no tapete da sala banhado pelo sol magro                                                                 [atravessando a janela Benditos os cães que se eu pedisse me rasgariam a barriga e                                 [mastigariam o pudim de vidro que jantamos dias atrás A selva e seu chamado trazem uma certidão de nascimento antiga e                                                                        [rasurada onde não consta pai Os que ainda não chegaram esperam na fila subterrânea junto às                              [minhocas e comem terra apenas por distração Esta é a hora dos ruminantes, que nos espiam da eternidade                                                                    [com a pena infinita                    [de quem pisca os olhos com lentidão e extravagânci

com a bíblia na mão

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poema de Adriane Garcia Um miserável com a Bíblia na mão Tenta converter os passageiros do metrô À sua roupa rota À sua anemia Ao uivo do seu pastor Para isso os ameaça com a praga que Virá e que Pelo jeito, já o alcançou.

quero namorar um americano

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poema de Eduardo Sinkevisque quero namorar um americano americanos fazem blowjob melhor americanos fazem footjob melhor americanos fazem footworship melhor americanos fazem cum control melhor americanos fazem golden shower melhor americanos entram melhor no Brasil americanos impedem melhor brasileiros de entrarem nos EUA americanos fazem milking melhor americanos fodem melhor

não temos povo

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poema de Luiz Coelho não temos povo embora marche o projeto único   singular nem público tampouco a palavra saudade

Manifesto Canibal dos Direitos

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poema da Aldo Votto Manifesto Canibal dos Direitos Para Raquel Domingues do Amaral antes de mais nada fedemos uma jantarada carcomemos músculos e vísceras e carnaduras e ossamentas cabeças e pernas e troncos e braços tudo flambado fogueira e fornalha e incêndio e pólvora tudo espetado estacas e mastros e lanças e postes tudo podre azedo e coalhado e embolorado e fermentado tudo refogado lágrima e leite e muco e saliva e sebo e sêmen e urina e vômito e sangue e sangue e sangue e sangue e sangue basto e farto e lauto e tanto tudo excretado papa e polpa e papel sarapintado de signos artigo e caput e parágrafo e inciso e alínea e item impressos com plasma de crianças esfaimadas editados com bílis de negras convulsas matizados com mênstruo de índias violentadas data maxima venia ab ovo escravizadas post scriptum nota bene cada um de nós que é usurpado que é revogado que é cassado

poema sem solução

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poema de Duan Kissonde POEMA SEM SOLUÇÃO Na falta de outras vísceras  para cantar na bossa uma tuberculose hercúlea até que não é uma morte tão estúpida  quanto a do poeta Joan Brossa Edimilson não caiu da escada, não senhor! Pelo contrário  desceu rolando o barranco junto de mais onze pretinhos crivados com cento e onze tiros. Morreram como Cacanfú mergulhados na mesma  poça espessa  de quinhentos anos gritando feito cachorros.

8 de 3 de 2019

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poema de Eduardo Sinkevisque 8 do 3 de 2019 o riso de demência de quem põe em equivalência 2 por 20 em se tratando de gêneros no dia internacional da mulher. a afronta a fase anal a chuva de xixi os apupos da platéia que é claque, que é cordão, que é escória. tudo isso ri de mim, ri de ti, ri de nós, lágrimas de Heráclito que somos. como impedir? fazer como Demócrito e rir? morrer, derrubar, fazer cair.

a furia e o nada

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poema de Alberto Lins Caldas a furia e o nada ● somos vermes q se escondem ● ● da tempestade mergulhando mais fundo ● ● na lama pra futricarmos sobre a tempestade ● ● ?q mais podemos fazer e fazer mais e mais ● ● o mundo não para de girar e giramos sangrados ● ● aqui onde a lama é fria imovel dura e sangrenta ● ● nos tornamos mais vermes e rimos dançando ● ● quando a tempestade é mais violenta ● ● violenta demais cantamos tocamos violinos ● ● imoveis na lama mais fria e imoveis tocamos ● ● recitamos versos imoveis e cagados de medo ● ● dançando imoveis nos mijamos demais demais ● ● uns nos outros rindo como se não fosse nada ● ● la em cima a tempestade ta mais violenta ● ● ela tenta mergulhar nos humilhar e devorar ● ● porisso descemos inda mais e mais na lama ● ● indo entre a lama o limo frio e a rocha ● ● sentindo a loucura da tempestade recitamos ● ● versos tocamos violinos dançamos imoveis ● ● como se não fossemos v

não sei se o brasil

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poema de Demétrio Panarotto ... não sei se o brasil lacrimeja os corpos que alija se no embuste trava trevas enseja e deseja sonhos num moedor de carne e nem ao menos se aflija que num bocejo conveniente eleja uma draga sem peleja corretor de cavalo corrija cortejo de cu mole de fala rija miseráveis em lampejos que nas cidades nos vilarejos festejam com o lábio no falo a boca no botija o intento é percevejo veja e de novo veja e bajulam ou seja quem rasteja no rastejo regozija sem êxtase algum abalroado reconsidero com o olhar precavido se esse povo almeja...

ab absurdo

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poema de Aldo Votto ab absurdo baseado em texto original de SurayaSabbag consternação compaixão absurdez mudez choque toque dor dó por quê? há humanos que dementam há humanos que discursam há humanos que se regozijam na morte na morte de uma criança na morte de uma criança de sete anos Deus é o criador da raça humana Deus é vida eterna Deus é amor Deus é logo, não são da raça humana não podem ser dignos de Deus aqueles que vociferam ódio na morte na morte de uma criança na morte de uma criança de sete anos ou são filhos da Besta feitos gente ou Deus morreu hoje aos sete anos de idade