Postagens

Mostrando postagens de junho, 2019

tráfico presidencial

Imagem
poema de Eduardo Sinkevisque tráfico presidencial farinha do mesmo papelote farinha do mesmo lote farinha do mesmo transporte farinha do mesmo malote farinha do mesmo escrutínio farinha de mula farinha de avião ao sair do avião fungar de narina ímã  branca é a tez da manhã

Por qué no te callas?

Imagem
poema de Álvaro Santi desenho: Clara Santi Por qué no te callas? "Por qué no te callas?" (El Rey de España D. Juan Carlos I, em 10/11/2007) Se você, senhor locutor, puder parar um instante de falar sem ter o quê, será um alívio, esteja certo, para todos nós. Se você, senhor senador, desligar, por um momento, essa fonte inesgotável de promessas, seria, de sua parte, a coisa certa a fazer. Que tal você, senhor apresentador, deixar por hoje de nos transmitir, com sua gravata cara, suas sobrancelhas expressivas, a opinião de seu patrão? E você, senhor narrador, calar a boca esta noite e, excepcionalmente, poupar-nos de seus trejeitos, ensaiados frente ao espelho? Quem sabe, possamos avançar um pouco, um passo, um palmo adiante em direção à verdade? E, mesmo se ela, enfim, nos for vedada, por invisível, misteriosa, por complexa e multifacetada, também é certo que o silêncio poderá nos con

ao poeta que recomenda...

Imagem
poema de Cândido Rolim AO POETA QUE RECOMENDA BOM E SELETIVO USO DAS ARMAS DE QUE TRATA O DECRETO PRESIDENCIAL O ilustre nazipoeta do sul com requinte de carrasco queixoso com os lulistas a quem chama de fanáticos cegos jagunços e que tais por ocasião do malsinado decreto das armas insinua ser impróprio e imprudente confiar o porte e a posse dessas maquininhas letais aos nordestinos citados Esqueceu-se maldosamente quebra-quilos quebra queixo da farta cozinha do árido onde se derrete o ferro a rodo e as narrações de Canudos meninos amanhecidos no ofício montando e desmontando mauser gewehr comblain enquanto se esfrega um olho sem esquecer munição e lustre nas travas pentes ferrolhos

fálica falha apenas

Imagem
poema de Maria Luíza Madureira uma mulher fálica é uma mulher que falha disputando aquilo que uma mulher-apenas está desautorizada a tentar disputar uma mulher fálica é uma mulher do tipo que quer que o mundo todo possa desejar nada menos que tudo e não uma mulher-apenas feminina uma feminista-apenas é uma mulher-apenas que falha-apenas

a alma do negócio

Imagem
poema de Aldo Votto a propaganda é a alma do negócio Se queres cegar a todas e todos Sobre seus tantos problemas reais Dá-lhes mais nonadas à atenção Mais coisas irrelevantes e banais Dá-lhespornografia nas mamadeiras Dá-lhes roupinhas rosas e azuis Dá-lhes tomadas de três pinos Dá-lhes menos pontos nas carteiras Se queres entregar seu patrimônio Abandone-o em plena anemia Dá-lhes a má impressão, deixe-o à soga Depois denunciaa fraqueza como bulimia Dá-lhes leilões risonhos na Bolsa de Valores Dá-lhes fotos de casacos deixados nas cadeiras Dá-lhes muitos marajás caçados sem piedade Dá-lhes manchetes de milhões e probos auditores Se queres que volte a escravidão Que um emprego seja dádiva divina Dá-lhes veneno em gotas a cada manhã E aos poucos vai empurrando o facão Dá-lhes demissões incentivadas Dá-lhes grandes contratos pê-jota Dá-lhes a extinção da cê-ele-tê Dá-lhes as reformas desbragadas Se queres

levante revanche

Imagem
poema de Alex Ratts levante e revanche não chegam a ser metade e ocupam espaço demais no mundo o mundo, que dizem querer transformado, tem sempre sua imagem e semelhança os grandes edifícios, os equipamentos de alta tecnologia são seu espelho suplantam o nome africano na base das construções e das invenções uma cidade, uma universidade, o mapa de um país ou do mundo, tem a sua cara às custas da gente subalterna morando ou morrendo na rua ou encarcerada cobram trabalho doméstico, não sabem quem são as trabalhadoras são pessoas polidas, classistas e racistas veem manchetes de morte de gente subalterna e não fazem nada estudaram muito, sempre em classes brancas passearam e passeiam muito, sempre em companhias brancas leem muito, clássicos de sobrenome e cabeça européia ou eurodescendente escrevem poesia, romances, são conservadores vêem a chegada de gente negra, indígena e acreditam que isso não vai mudar quase nada viram emergir intelect

espora

Imagem
poema de Luiz Carlos Coelho de Oliveira espora acumulou mais uma vez o prêmio vivo ou morto procura-se quem entregue a cabeça do xerife

memória, tenho

Imagem
poema de Paulino Júnior MEMÓRIA, TENHO! Memória, tenho. Paciência, não. Mesmo que quebrem cassetetes na minha cabeça: Memória, tenho. Paciência, não. Minha cabeça é dura! São dias, meses, décadas, séculos... Já fui escravo e servo, Hoje sou: Empregado Funcionário Assalariado Proletário Trabalhador. E ainda querem me chamar de “colaborador”... Haja paciência! Tenho memória Tenho pauta E tenho cruz. A cruz que eu carrego cabe bem a quem assedia e suga meu sangue. Sangue que sai do atrito com o golpe desferido pelo cão de guarda que protege quem lhe põe ração na vasilha rasa. O sangue se mistura ao suor e jorra. Memória? Tenho de sobra. Mas a paciência... Foi pro pau!

novelita bolsonaro

Imagem
poema de Rodolfo Jaruga (excerto do poema Novelita Bolsonaro ) II. Neste momento fará uso da palavra             o embaixador Ernesto Araújo, Ministro de Estado                                    das Relações Exteriores. Gnosesthetenaletheian, dixit Araújo, Gnosesthe ten aletheian             kai he aletheiaeleutheroseihumas . Conhecimento, verdade e liberdade. Aletheia             desvelamento                         desesquecimento cruzar o rio dos mortos             de volta para cá  superação do esquecimento             algo que se recupera             experiência autêntica                         individual                                  sentimental. O Brasil, ele falou, estava preso fora de si mesmo, e o presidente Bolsonaro está libertando o Brasil                         por meio da verdade. Nós também vamos libertar                         o Itamaraty. É só o amor, ele falou, é só o amor que conhece o q