Postagens

Mostrando postagens de janeiro, 2020

Lacaio

Imagem
poema de Aldo Votto Lacaio dedicado a D. C. o palácio da felonia tem casa civil tem casa militar tem casa servil na casa servil há o sequaz há o limpa-botas há o imbecil há o que nada faz ali se guarda a escória ali está o podredouro o monturo, a bispotada o mosquedo, as varejeiras os chafurdeiros da História mesmo lá, na casa servil entre os piores, há o pior abaixo mesmo de fâmulos de aspones , de basculhos de candidatos a senescal com libré completa de douto lá, acolhido, está o pantólogo homo multarum literarum no conforto do seu valhacouto ali, sobranceiro no enxurdeiro obra, voluntarioso e diligente, festejado foliculário, pretensioso plumitivo aretino amanuense penhorado e lépido lacaio

a voz

Imagem
poema de Marcelo Martins Silva A voz A voz e o eco Vozes veladas, violentadas Em versos parcos Em nossas preces, Exu-Maria Cheios de graça, em carnaval De mil poetas Desencantados Pássaro branco, águas passadas Do Rio Guaíba, desse veneno Não és culpado Fecais ilustres, oh Coliformes Sobem à boca dos cidadãos Por isso dizem, nessa cidade Muita bobagem – não digo merda, porque poeta Pagão e casto Oh! Porto Alegre, jovem ignara Vejo-a de longe Ao sul dos Mares, ao sul do mapa Sempre de costas Oh! Porto Alegre São os teus olhos Azul-germano, cor de salame Que nem os peixes hão de comer Apaixonada, como Narciso Lá no fundo Desse lago que não é Rio

A partir desta data

Imagem
poema de Guido Votto A partir desta data estão proibidas absoluta expressa peremptória taxativa terminante mente [e cérebro] canções líricas crônicas de costumes piadas de papagaio aquarelas de paisagem comédias românticas danças de salão estão liberadas absurda espantosa delirante insana fanática [de] mente arengas belicosas preleções esquizofrênicas prédicas messiânicas pregações degeneradas lengalengas inescrupulosas revogam-se as predisposições em contrário. registre-se, publique-se e não se cumpra.

diante de ti

Imagem
poema de Ramon Carlos Diante de ti No mar que palpita os olhos, escarnece a alma Diante de ti, Em meio ao véu soturno Do primeiro sopro cardíaco da manhã Perpétuo O cheiro de abacate cortado Indignas Roseiras em caules mastigados Tiranos Psicopatas em cruzes de orvalho Diante de ti, Bigas transportando palhaços invisíveis Quimeras em estátuas de sal Maçãs nas teias de aranha O improvável mausoléu de heranças equívocas No mar que palpita os olhos, escarnece a alma Diante de ti, Godot na corda de Lucky Sabor dos cachimbos de plástico Colchões em pé no canto do quarto O amargo estampido no palato do fantoche As ruínas nas migalhas de janeiro Diante de ti, Sobremesas antes do jantar Nicotina em doses curativas Puxadores soltos nos parafusos Conservas vazias embaixo da pia No mar que palpita os olhos, escarnece a alma No mar que palpita os olhos, escarnece a alma Diante de ti, Túmulos em poses circenses Acrobata