de mim ninguém sai com fome

poema de Norma de Souza Lopes





de mim ninguém sai com fome


enquanto os algozes da  república
seguem perpetuando campanhas eleitorais
e golpes de estado no jornal que uso
para limpar os vidros da janela da sala
abraço pássaros, borboletas
lobos e carpas
de mim ninguém sai com fome

o ódio borrifou
gotas de ralph lauren
em pulsos armados de taças
e eles as desperdiçam
sendo fotografados
com mendigos nas calçadas

não é preciso dizer
a palavra lâmina
para saber o corte
preparo coquetéis molotov inócuos
por receio de incendiar os jardins
sem culpa dos edifícios de luxo

eles acertaram em cheio
nesse buraco vazio
das torcidas organizadas
mas ainda tenho esperanças
nem toda palavra encarna

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