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Mostrando postagens de outubro, 2017

maldita geni

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poema de Ademir Demarchi MALDITA GENI pelos malsãos contra a mudança de sexo nas escolas pela minha tia eurides que cuidou de mim quando meu bilau era pequeno pela grande bunda em campo da puta morena mais linda do brasil pela família nelsonrodrigueana pela inocência das crianças abençoadas pelos padres nas sacristias contra o cumunismo em memória do coronel diamante ustra e do terror pelas redes sociáveis pelo meu pai pelo patriarcalismo pelo polvo brasileiro pela minha famiglia pelos evangélidos contra o instatuto do desmamamento pelos militares de 64 contra o 69 pelas polícias e milícias em nome de lúcifer por meus filhos ilegítimos e bastardos por minha esposa e por minha amante pelos meus ais e meu estado de quero mais pela família circular evangélida pela br-666 pela minha mãe lucifemar pela paz de matusalém pela misericórdia aos meus por esta nação porque o brasil tem enjeito sim pelo prefeito de montes claros e rabo obscuro por thyagho deyvidy gahbryel math

reparação

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poema Marcelle Guil     Reparação não, este poema não tem a pretensão de acabar com a fome no Sudão nem deseja com estatísticas mostrar quanta gente morre no Afeganistão vítima de guerra e invasões tantos anos sem poder sonhar e não sei por que razão a paz decidiu não dar as caras por lá não, este poema sequer pensa em denunciar os impactos de Belo Monte, no Pará o dilema de famílias que não têm onde morar indígenas forçados a sair da região a mata gemendo do lado de cá não, este poema tampouco tem a ambição de tratar das formas de dominação colonialismo, imperialismo comércio triangular muito menos quer apontar que a abolição não pôs fim à escravidão que a igualdade, a liberdade são reais só para alguns tantas vidas querendo se salvar e tão poucos com direito ao galardão a verdade é que a humanidade precisa de reparação mas este poema nada vai mudar só mesmo juntos uma multidão na di

lembranças a todxs

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poema de Ricardo Silvestrin VALE LEMBRAR 1 Antes de mais nada, vale lembrar a fala do professor Dacanal: "Isso é bom ou ruim? Não é bom nem ruim. É um fato. Bom pra quem se beneficia dele e ruim pra quem não se beneficia.". 2 Vale lembrar que ninguém, com escritura lavrada e assinada em cartório, é o dono do planeta. Toda propriedade é uma construção histórica e, portanto, transitória. 3 Vale lembrar que tudo é guerra, sobretudo a paz imposta pelas leis, pelas armas e pelo discurso. 4 Vale lembrar que as pessoas já se dividiram em reis e vassalos, em papas, senhores feudais e os resto, em comerciantes, industriais e trabalhadores, em governantes e governados, em civis e militares, em classes alta, média e baixa. Tudo para não dividir tudo em partes iguais. 5 Vale lembrar que ainda é possível uma sociedade em que todos dividiriam o resultado do trabalho de todos. O problema é convencer todos a querer fazer isso.

cheios de mimos

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poema de  Eduardo Sinkevisque os mimadinhos não arrumam a cama. os mimadinhos sequer arrumam com quem se deitar na cama. os mimadinhos não preparam suas comidas. os mimadinhos comem comidinhas molinhas, molhadinhas, mastigadinhas e divididinhas em seus pratos. os mimadinhos não lavam sua louça. os mimadinhos sequer colocam louça na pia. os mimadinhos choram, piam, miam, nunca cantam, nunca gorjeiam. os mimadinhos trocam ingredientes de pratos de cardápios. os mimadinhos humilham trabalhadores braçais, intelectuais e os demais. os mimadinhos furam filas, dão jeitinhos e troquinhos porque, afinal, sempre podemos agir de outro modo, daquele que os favoreça. os mimadinhos acham que o mundo é a grande teta que os alimenta. 

soneto em que o maníaco das cartas se queixa

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poema de Manoel H. Contra a presidenta Dilma     Fizeste-me um anão decorativo Oh, avara búlgara, e eis que choldra riu-m'a Submissa condição, queimou meu filme, ah, Mas me vinguei, que saibas, sou altivo, Manejo a língua bem, e no meu crivo Não vai passar quem outrora partiu-m'a Vaidade de poeta, Dona Dilma - Tu vais chorar amargo, então aí vou Cortar onda de mulher, pobre e preto Ministro meu só macho adulto e branco Deixo o Brasil aos trancos e barrancos Na mão da pior corja, e aí um soneto Eu faço de vingança, minha filha: Tomanucu tu e teu bolsa-família!

eles

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poema de Silvana Guimarães  [Cintia Ribas] eles em meio a delações & defecações os ratos roeram a verba da educação os ratos roeram a verba da saúde os ratos roeram a verba da segurança os ratos roeram a verba do transporte os ratos roeram o verbo honrar os ratos roeram o verbo servir os ratos roeram o verbo prometer os ratos roeram o verbo cumprir os ratos roeram o verbo amar os ratos roeram a merenda escolar os ratos roeram as terras indígenas os ratos roeram as vidas indígenas os ratos roeram a nossa cidadania os ratos roeram a nossa tragistória os ratos roeram a constituição os ratos roeram as escrituras os ratos roem em nome de deus os ratos riem em nome do demo os ratos raiam em safadezas os ratos enchem a burra de dinheiro os ratos vivem com o rei na barriga os ratos: funâmbulos & marafaias autoridades em marãkutayas & manobras circulam imunes à sorrelfa & de soslaio os ratos, c

o pior mentiroso

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poema de Aldo Votto O pior mentiroso A veces, quedarse  callado  equivale a mentir. Porque el  silencio  puede ser interpretado como aquiescencia. Miguel de Unamuno O pior mentiroso é o que não quer mentir E por isso se cala Porque, se fala, há de se iludir Como a cada primavera Brotam poemas sinceros A cada eclipse Humano Hão de fulgir versos de luz Luz do sabre que rebrilha Luz da bala que faísca Luz da bomba que re[a]cende Luz do olho que pisca pela última vez O pior poeta É o que não quer fingir Porque o fará tão descaradamente Que chegará a fingir que não é dor A dor que, às veras , não sente

em breve

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do editor em breve petição p ara  impedir  o d ownload  gratuito em f ormato  pdf  de t  odos  os l ivros  de j  udith b  utler

proCUradores

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Poema de Marco Aurélio de Souza Assim se evita o processo [Para um João] As senhorias todas, por um problema de descontrole & conjuntura andam sensíveis em excesso. Já não se pode mais dizer ‘tome no cu’ sem que se ofendam nobres & procuradores à cata burra de um réu confesso. Dizem que o verso, acoplado ao poema não fere a flor nem o veludo do panaca e que se o cu for bem exposto assim se evita um processo. Por isso aqui, nesta estrofe derradeira a minha vara deixo tesa e em más maneiras a estes porcos digo: chupe esta ofensa que eu não meço. 

o neto

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poema de Vera Molina Bem-vindo, neto Ele chegou  Os cabelos grisalhos É o teu neto, disseram Anos de buscas Das mães argentinas Girando, girando Mais tarde avós Girando, girando Mas ele chegou e Onde as brincadeiras No parque Os biscoitos na cozinha As idas à escola Apertando tua mão miúda Dentro da minha? A filha nunca voltou Muitos filhos não voltaram E nós, mães As loucas Lenços brancos nas cabeças, Retratos dos nossos meninos Andamos em círculos na Plaza de Mayo Carrossel que nunca parou Até que viesses, Guido.

do mau-jornalista

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poema de Sidnei Schneider Bota-bezerro do mau-jornalista [Ao modo aristocrático e respeitoso]    - Nascera o Ilustrado - um vômito real!    Cesário Verde, Ele [Ao Diário Ilustrado] Meio-personas, decepados à barriga, que expõem-se a turnos na televisão: engrolais bytes de dólar à newlíngua, um vomitório ao invés de informação. Splash! Bocas de vidro, sorrisos de marmota, defendeis guerras, juros e mentecaptos: não desconfiais do pendor dos agiotas, enquanto destripais-vos tão inexatos? Splésh! Distorceis fatos com traíras e trutas; se um ataca o povo, mais se o acata: de goela repleta e beiçola não justa, botais o bezerro à feição de cascata. Splish! Em gorda ilusão com a usura abissal, refratários ao Brasil e ao ser humano, quando secarem-se os cofres ao final, suportareis encarar o grosso engano? Splósh! Se é à toa ou pelo editor ou patrão que falais, nada tem a menor valia: o único que vale é o dedo g

DE NINAR

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poema de Leila Guenther CHOMSKY DE NINAR ainda preciso que me cantem uma melodia quando há tempestade ou que me leiam uma história à noite quando faz escuro (ainda preciso desesperada e urgentemente que me deem a mão no pesadelo [quando passo pelo corredor polonês de homens com fome)  uma canção que se possa assobiar dentro da cabeça durante o fim do amor uma fábula que se possa guardar como um amuleto durante o fim do mundo que me lembre quantos somos sobre a terra  e que seremos para sempre um debaixo dela depois de 2017 anos ainda preciso de sua voz antiga e grave do pai que não conheci: abrigo de palavras contra o medo cantiga a embalar os sonhos (se eu dormisse)

tapetum lucidum

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poema de Alex Simões tapetum lucidum nem queria dizer, mas vou, meu cu não é problema seu, mas qual o quê, meu pau não é da sua conta, mas você quer se meter, quem é você que vem se intrometer, minha xoxota, meus pentelhos, meu útero, a quem eu devo confiar as minhas contas, minha mastectomia, minhas crenças, minhas descrenças, minhas preferências estéticas, meu histórico do Google, meu nome social, minha posição seja de ideias, seja sexual, a orientação, a identificação de gênero, minha não binariedade, minha filiação a tal partido, meu anarquismo, meu salvo conduto, minha lista de compras, minha conta, o que aprendi na escola, o que ensinei, a cor da minha pele, meus cabelos, o nome de batismo, a apostasia, minhas metamorfoses, minhas dúvidas, meus medos, meu lugar de fala ou falha meu calcanhar de Aquiles, minhas pregas,  meus filhos no museu, meus outros eus. não queria dizer, mas quem são eles, não fô