poema de Tennyson Albuquerque AUTORIA Foi a bala da polícia A mentira do jornal Foi a vara do juiz. O dedo do promotor Foi a nossa má autoestima A covardia de ser. Foi o funcionário público Que acha a privada bom Foi o capitão do mato. Foi o artista cortesão Foi também o madeireiro Plantador de soja, foi. Foi o cão que afaga o dono Que o açoita, e por ração. Foi a farda, o fardo, foi. Foi o norte americano O churrasqueiro, o gurmê A marmita de cem contos. Foi a fome, a esganadura Quem nos trouxe a ditadura, Mais comemos, mais vazio. Foi a sanha do consumo Foi o aparelho no dente Foi o frango, o automóvel Foi o show com holofotes Foi o manequim, na loja E aquela roupa tão feia Foi o creme branqueador A cura da viadagem O caco de telha esfola Mas não nos lava a miséria. Foi juiz, foi deputado, Foi o PM e sua farda Suja de sangue, covarde, Foi quem matou Marielle.