eles
poema de Silvana
Guimarães
[Cintia Ribas]
eles
em meio a delações &
defecações
os ratos roeram a verba
da educação
os ratos roeram a verba
da saúde
os ratos roeram a verba
da segurança
os ratos roeram a verba
do transporte
os ratos roeram o verbo
honrar
os ratos roeram o verbo
servir
os ratos roeram o verbo
prometer
os ratos roeram o verbo
cumprir
os ratos roeram o verbo
amar
os ratos roeram a merenda
escolar
os ratos roeram as terras
indígenas
os ratos roeram as vidas
indígenas
os ratos roeram a nossa
cidadania
os ratos roeram a nossa
tragistória
os ratos roeram a
constituição
os ratos roeram as
escrituras
os ratos roem em nome de
deus
os ratos riem em nome do
demo
os ratos raiam em
safadezas
os ratos enchem a burra
de dinheiro
os ratos vivem com o rei
na barriga
os ratos: funâmbulos
& marafaias
autoridades em marãkutayas & manobras
circulam imunes à
sorrelfa & de soslaio
os ratos, caçados a
machadadas,
não se abalam: é tudo
mentira
os ratos existem em prol
do meu
do seu do nosso bem comum
deles
nós, servos-arbítrios, em
sono esplêndido
os ratos: há que se
enfrentá-los
sem temer /\ quæ sera tamen
há que se enfrentá-los
sem temer enquanto ardem:
os ratos
Enorme. Tão bem realizado. E necessário.
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