escárnio
poema de Victor Gonçalves
Escárnio
preto-velho, bravo como ogum,
viveu e morreu no engenho,
nas senzalas, nas mãos de indumas.
respirava ar branco, com nariz negro.
decifrava berliet ao longe pelo ruído mascado.
ao cantar dos pássaros acorrentados,
tinhas em seus olhos o reflexo dos campos
das seivas, canaviais, machambas.
a dor incessante da pele e da carne urdia sua alma.
o esplendor jazia, não o via.
na pele as marcas de três séculos
que aguça o ímpeto da segregação.
prostrado, acudia na sombra dos escombros,
nas paredes nuas que o fecham.
um oriundo com rigidez nas mãos,
correntes nos pés, máscaras de flandres,
agonizando aos meios de infantarias.
das batalhas à suor frio, à amargura da existência,
vira escárnio, devido sua emanação na áfrica
e sua ascensão em moçambique.
seu idioma dá lugar ao pidgin nas senzalas.
às vozes lodaçal, negro cessava sua lamúria.
E em sua negritude, riscavam a história de preto Césaire e Fanon.
viveu e morreu no engenho,
nas senzalas, nas mãos de indumas.
respirava ar branco, com nariz negro.
decifrava berliet ao longe pelo ruído mascado.
ao cantar dos pássaros acorrentados,
tinhas em seus olhos o reflexo dos campos
das seivas, canaviais, machambas.
a dor incessante da pele e da carne urdia sua alma.
o esplendor jazia, não o via.
na pele as marcas de três séculos
que aguça o ímpeto da segregação.
prostrado, acudia na sombra dos escombros,
nas paredes nuas que o fecham.
um oriundo com rigidez nas mãos,
correntes nos pés, máscaras de flandres,
agonizando aos meios de infantarias.
das batalhas à suor frio, à amargura da existência,
vira escárnio, devido sua emanação na áfrica
e sua ascensão em moçambique.
seu idioma dá lugar ao pidgin nas senzalas.
às vozes lodaçal, negro cessava sua lamúria.
E em sua negritude, riscavam a história de preto Césaire e Fanon.

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