poema de Matheus Pazos

poema de Matheus Pazos





"Obrigado pelo preconceito
com que até hoje me aceitas.'
[Oliveira Silveira]



vende-se
minha carne
preta
sem alma
pela presa
brilhante
é bicho, gritam.

ao som glorioso
do sino trincando
na sé ou no paço
ressoa o chicote
calado tambor.

[Malcolm X não pôde
ser advogado]

vende-se
minha dança
gargalhada pra branco
aplaudir.

moreninho feliz
anima transparente
sopro europeu
cristianizado
cuja boca
cerrada no ódio
fora hoje vendida

em suaves prestações.

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