política

poema de Álvaro Santi




Política


Desisto de entender a tal política,
não tenho mais paciência pra tentar.
É arte do demônio ou coisa pior.
Quisera eu demais que assim não fosse:
se alguém chegar no topo é porque trouxe
diversas contas sujas a pagar.

Por trás de um candidato que se esforça,
há sempre um tesoureiro de campanha
cuidando de um dinheiro sem programa,
sem nome, sem carimbo, sem história.
Por trás de um estadista poliglota,
há sempre um ministério em mãos estranhas.

E há malas de dinheiro que viajam,
seus donos, quase nunca descobertos.
Como é que eu posso crer nessa canalha
que tira do meu bolso pão e teto,
e ainda não contente por completo
pretende levar junto minhas calças?

Do povo heróico, o brado retumbante
que ouvimos hoje é o brado por justiça.
Se ainda toleramos por preguiça
a tal democracia claudicante,
é só por não haver pior sistema
do que uma ditadura sem problemas.

E é duro ver que aos tais anos de chumbo,
que tanto batalhamos pra enterrar,
sucede o descalabro mais profundo,
a ponto de o sujeito duvidar
de que lhe reste mais do que UM direito:
eleger o ladrão que rouba menos.

Recuso acreditar que é impossível
viver em paz, em pátria soberana.
Ou vamos acordar a pátria livre,
ou ela permanece em sua cama.
De esplêndido, este sono não tem nada,
pra quem te adora a sério, ó pátria amada.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Código de Barras

notícia de jornal

a porta