save us
poema de Jorge Rein
SAVE THE WHALES!
Maria, tão só Maria
Maria sem sobrenome
Maria-vai-com-as-outras
As outras mortas de fome.
Maria agasalha o feto
Com a página do esporte
Maria das tetas murchas
Amamenta a própria morte.
Maria pariu um anjinho
Em cesariana de açougue
Maria afagou seu filho
Antes que a vida o afogue.
Mas as baleias
Coitadas das baleias
Meu Deus, ai, as baleias
Merecem melhor sorte.
José ficou sem emprego
E virou bobo da corte
Fazendo graças nas ruas
Nem sempre em troca de um cobre.
A riqueza vai por dentro
Para quem tem alma nobre
José assaltou a quitanda
Porque José é todo pobre.
Trancaram José na cela
Com sete chaves e um corte
Aberto de orelha a orelha
Riso que dura uma noite.
Mas as baleias
Coitadas das baleias
Meu Deus, ai, as baleias
Merecem melhor sorte.
A tribo dos mendicantes
Toda vez que um deles morre
Os outros viram o copo
Antes que o luto, um bom porre.
Morte morrida é só luxo
Pra quem vive a banda podre
Morte matada é o costume
Não é o defunto quem escolhe.
Foram tantos que se foram
Tantos pra esquecer seus nomes
Que hoje a dieta dos mendigos
É mais bebes do que comes.
Mas as baleias
Coitadas das baleias
Meu Deus, ai, as baleias
Merecem melhor sorte.
Ana Beatriz, a sem-braços
Namorava o manco Gomes
Não morreram abraçados
Por falta de condições.
Narinha da perna torta
Não pôde fugir dos homens
Se existe Céu, ela agora
Tem coxas de Sofia Loren.
Que o violão do mudo fale
E a gaita cega abra o fole
Alguém que afine o realejo
Pra que Narinha rebole.
Mas as baleias
Coitadas das baleias
Meu Deus, ai, as baleias
Merecem melhor sorte.
Areia da mesma praia
Os mendigos e os atores
Vivem dos lucros do drama
Com seus bons e maus humores.
Ser ou não ser, that's the question
Ou, como diria Herodes
Vinde a mim as criancinhas
Antes que sejam maiores.
Fique o dito por mal dito
E o bem dito aos que nos ouvem
Dizer que ganha no grito
O homem lobo do homem.
Mas as baleias
Coitadas das plateias
Meu Deus, ai, as ideias
Merecem melhor sorte.
SAVE THE WHALES!
Maria, tão só Maria
Maria sem sobrenome
Maria-vai-com-as-outras
As outras mortas de fome.
Maria agasalha o feto
Com a página do esporte
Maria das tetas murchas
Amamenta a própria morte.
Maria pariu um anjinho
Em cesariana de açougue
Maria afagou seu filho
Antes que a vida o afogue.
Mas as baleias
Coitadas das baleias
Meu Deus, ai, as baleias
Merecem melhor sorte.
José ficou sem emprego
E virou bobo da corte
Fazendo graças nas ruas
Nem sempre em troca de um cobre.
A riqueza vai por dentro
Para quem tem alma nobre
José assaltou a quitanda
Porque José é todo pobre.
Trancaram José na cela
Com sete chaves e um corte
Aberto de orelha a orelha
Riso que dura uma noite.
Mas as baleias
Coitadas das baleias
Meu Deus, ai, as baleias
Merecem melhor sorte.
A tribo dos mendicantes
Toda vez que um deles morre
Os outros viram o copo
Antes que o luto, um bom porre.
Morte morrida é só luxo
Pra quem vive a banda podre
Morte matada é o costume
Não é o defunto quem escolhe.
Foram tantos que se foram
Tantos pra esquecer seus nomes
Que hoje a dieta dos mendigos
É mais bebes do que comes.
Mas as baleias
Coitadas das baleias
Meu Deus, ai, as baleias
Merecem melhor sorte.
Ana Beatriz, a sem-braços
Namorava o manco Gomes
Não morreram abraçados
Por falta de condições.
Narinha da perna torta
Não pôde fugir dos homens
Se existe Céu, ela agora
Tem coxas de Sofia Loren.
Que o violão do mudo fale
E a gaita cega abra o fole
Alguém que afine o realejo
Pra que Narinha rebole.
Mas as baleias
Coitadas das baleias
Meu Deus, ai, as baleias
Merecem melhor sorte.
Areia da mesma praia
Os mendigos e os atores
Vivem dos lucros do drama
Com seus bons e maus humores.
Ser ou não ser, that's the question
Ou, como diria Herodes
Vinde a mim as criancinhas
Antes que sejam maiores.
Fique o dito por mal dito
E o bem dito aos que nos ouvem
Dizer que ganha no grito
O homem lobo do homem.
Mas as baleias
Coitadas das plateias
Meu Deus, ai, as ideias
Merecem melhor sorte.
Comentários
Postar um comentário