covardia
poema de Jorge Fróes
Covardia
Em que poema da História
cabe um homem que após
tentativa de roubo a outro
homem é apanhado, espancado,
e já desfalecido pela surra,
recebe sobre sua cabeça,
por três vezes, de um dos
homens
que o espancaram, golpes
com pedaços de laje.
As mãos erguem o pedaço de
laje
e atingem a cabeça do homem
caído (indefeso),
Suas pernas tremem
fortemente,
em seguida outro golpe, de
cima abaixo,
a laje é jogada, na tentativa
de eliminar todas
as vidas que ali pudessem vir
a ser.
Agora, suas pernas mexem-se
bem pouquinho. Nada mais se
movimenta
no terceiro golpe. O que se
movimenta
e se ergue é a covardia dos
homens
que o agridem (sepultura) com
um pedaço de laje.
Eu não vi isto.
Não li sobre isto.
Não vi filme sobre isto.
Sobre isto, o que em mim
circula, é o que um amigo
meu contou num ônibus,
em que apressadamente
nos despedimos, não sem
antes me dizer que estivera
no local e perguntou ao
guarda
“onde são enterradas as
pessoas
que são mortas desse jeito?”
E o guarda o mandou circular.
Esse poema não impede
que espanquem o homem.
Esse poema não segura
a pedra que por três
vezes atingiu cabeça do
homem.
Esse poema não humaniza o
guarda
E nem os que viram o que
aconteceu.
Esse poema não convoca nem o
pai
nem o filho nem o espírito
para segurarem as mãos
que por três vezes golpearam
com a laje um homem.
Esse poema não consola meu
amigo.
Esse poema é só registro de
uma covardia
Comentários
Postar um comentário