1968-2018
poema de Matheus Pazos
RIO: 1968-2018
“Não choro / Meu segredo é que sou rapaz esforçado”
(Macalé; Salomão)
não poderei celebrar
meus tantos anos
de excesso e culpa
a cada esquina habita
um animal que atira
contra os meus
morta a atmosfera, sobra
o gosto amargo na saliva
- não é sobre bílis que escrevo –
escrevo por não poder mais gritar
cuspe e dentes não vencem
armas ornadas em burrice
olho para o céu e não vejo nada
olho para o chão e vejo meus pés
cansados pelo andar em círculos
se fosse velho, mudaria o rumo
fincado no meu próprio esquecimento
como não celebro longevidade
assisto
a memória transmutada no presente
meu gosto inútil da revolta.
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