ao sol do feminicídio


poema de Eduardo Sinkevisque






toda e qualquer frivolidade
estala rachada
ao sol hoje,
tempo de intervenção militar,
de milícias, de violências
e de outras maldades.
não é Maniqueu
a dar o ar da graça,
nem o da desgraça.
é uma tragédia
a cair sobre todos nós.
toda e qualquer frivolidade
racha hoje
(e tudo racha hoje)
ao sol do feminicídio,
ao sol da execução de Marielle Franco,
dos assassinatos em massa
de jovens negros, de jovens pobres.
não são jabuticabas.
não é a redução do desgaste.
são as trapaças do tempo,
as tramoias do Planalto.
são Pietás arrasadas.
sol a arder, castigando a tarde.

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