cá ípsilon
poema
de Aldo Votto
KY
E
vinham e iam de táxi
as
louras angelicais
ninguém
se queixava
antes
do uber e das arenas virtuais
ouros
pretos brancos
se
fingem animais indóceis
são
tolerados há décadas
a
entoar seus gritos fósseis
falcões
fêmeas e camelinhas
ciciam
tantos acalantos ocos
seguem
queridinhas e sossegadas
sem
que se diga que é só pelos trocos
trens-bala
vagarosos
carregam
filosofia vã
e
não se ouve sequer um muxoxo
nas
televisões da manhã
ciclones
e sesmarias
em
‘looping’ nos rádios diários
passam
bem com cinquenta reais
sem
que lhes cobrem os prontuários
tantas
parelhas universitárias
esganiçam
dentro de calças justas
são
saudadas como fenômenos
pelas
senhoras mais vetustas
borboletas
das matas e dos sertões
tatibitateam
em inglês bem-vindo
para
os censores provincianos
o
rio de dinheiro continua lindo!
dos
aviões em que se chupa
porque,
afinal, é de uva
não
se cobra tessitura
ou
se têm ou não têm vulva
galegas
tingidas sacolejam chavões
e,
sem clamar, todos dançam o calipso
moralismo,
virtudes e alta cultura
no
rebolado das funkeiras é cá ípsilon

Comentários
Postar um comentário