amanhã


poema de Victor Gonçalves








Wall Street, por Paul Strand





Amanhã




ainda que
sob nevóas profundas
vamos amanhã atrás de um albergue

o passo apertado
incerto e recoberto
das mais tristes decisões

e o passado
na ponta da língua
maldizendo:

será preciso
no instante já do gesto
interromper a clave

e no entanto é a paralisia
o abandono de Minerva
por nos sabermos pecadores

e no entanto é saber que já olhamos
muito antes do gesto e de Orfeu
para nossa ruína

e amanhã continua
isso que se anunciará
amanhã iniciou

e devidamente rascantes
nos faremos curvos
e com a digital nos renderemos




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