memória, tenho
poema de Paulino Júnior
MEMÓRIA, TENHO!
Memória, tenho.
Paciência, não.
Mesmo que quebrem
cassetetes
na minha cabeça:
Memória, tenho.
Paciência, não.
Minha cabeça é dura!
São dias, meses, décadas, séculos...
Já fui escravo e servo,
Hoje sou:
Empregado
Funcionário
Assalariado
Proletário
Trabalhador.
E ainda querem me chamar de “colaborador”...
Haja paciência!
Tenho memória
Tenho pauta
E tenho cruz.
A cruz que eu carrego
cabe bem
a quem
assedia e suga meu sangue.
Sangue que sai
do atrito
com o golpe desferido
pelo cão de guarda
que protege
quem lhe põe ração
na vasilha rasa.
O sangue se mistura
ao suor
e jorra.
Memória?
Tenho de sobra.
Mas a paciência...
Foi pro pau!
Comentários
Postar um comentário