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Código de Barras

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  poema de Maria Marta Nardi     Código de Barras   as loucuras são súbitas e largas não cabem na pauta ferem, indiferentes   riso de faca na língua lábios finos dos que têm fatalidades como talento   proliferam todos os tipos de parasitas estreantes                         abutres                                            e aprendizes   à sombra de um passado trombeteiam imbecilidades   na antessala do mal carregam as noites em porões úmidos ostentam um gozo anunciado entre vaginas e ratos

Os urubus

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  poema de Demétrio Panarotto     [imagem: Roberto Panarotto] Os urubus                                                                                                        o robô pacto noite caminha pela cidade com o urubu em seu ombro                                                                 [lua violeta van gogh linda pra uma fotografia ou] o robô sobe em uma escadaria externa que o leva ao trigésimo andar de um prédio abandonado                                                                                            [nem todos estão abandonados] é o bicho de pena que indica onde a presa se encontra prontamente localizada a lata velha desce por uma corda de aço e não leva mais de vinte e um segundos para                                                                                                                      [chegar ao solo o cérebro exposto da presa tem o formato de um intestino outras anomalias são percebidas o robô ajeita uma

Memento & memorando

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  poema de Leila Guenther   Memento & memorando   para Carlos Augusto Lima   Não esquecer jamais os nomes e os números Desta vez eles estão tão unidos Que mudarão a história das línguas E da matemática   Pôr no papel a memória que se dissipa Como o ar que não chega aos pulmões   Reaprender a contar algarismos Como Sherazade aprendeu a contar estórias Noite após noite Colhendo o sopro que a faria dizer 1001 vezes Ou tantas quanto fosse preciso   Transformar a estória em história Quando nos mandaram calar   Tudo o que foi roubado, olvidado ou destruído Reconstruiremos com palavras   (Esse tijolo frágil Mas indigesto)  

Incelença

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  poema de Matheus Pazos   Incelença ( para Caio Resende e Elder Oliveira )   a fuligem das cidades não atinge o fundo opaco de teu castigado couro acre reluzente da criação de sóis tempos de cerca e silêncio cabisbaixo   da poeira brotaste ignóbil porque certeiro contas do rosário na longeva certeza nomes corriqueiros escondida linhagem   reza encomendada floresce promessas banhos de cheiro apaziguam agruras do peito não se vê seca da poeira não se vê morte a fuligem desconhece transfiguração.

notícia de jornal

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  poema de Teresa Haase   notícia de jornal   flagra na bunda do senador! nádegas a declarar a roubalheira imunda nos anais da política brasileira                  trocadilhos de rir coprorrisos   sem pudor compromissos os efeitos    entorpecidos nas vísceras   des leitos des curas des tratos mortes em lenta tessitura

a porta

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  poema de Luciana Lee     pela porta aberta o horror dos dias o ódio o óbvio   hordas de humanos homicidas homologam regimentos regimes   povos na prisão pessoas se perdem a peste a pena a porta se fecha

O GRANDE QUE VOCÊ NÃO É

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 poema de André Siqueira O GRANDE QUE VOCÊ NÃO É  Atrás de um balcão você é mais um ante o mal perfilado, avacalhado já o seu sentimento boquiaberto. O tremor patente vibrado num arremesso possesso. Você sua como um espírito de porco sofregamente derrapado no turbilhão do baixo espetando. Autenticação desconexa. Soturna espera dispersando o farol sério num embuste de serenidade. Algo rolou a escada avoado mas vira-se e entende que é você enlevado de terror aterrado e terra sobre terra pelo quarteirão todo com escárnio e poros bichados entrecortados por abscesso à maneira de Ketchup. Você sua energúmeno catarrento envilecido. A sola do pé empedrada fora quase nada em comparação ao roçar de medos piscados  em assassínios repletos de demasia. Ninguém lerá todavia abotoara até o pescoço. O pescoço. Bichado. Nada desanuviou-se no purulento destruído emoldurado, conforme tropeça infectado e aguado -  separação vítrea... encouraçadas cãs que te levantam num decúbito desencontrado mendigando a