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Mostrando postagens de fevereiro, 2019

vulgata

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poema de Cândido Rolim VULGATA (A PARTIR DE UMA IDEIA DE RICARDO PEDROSA ALVES) Não eles eles não leem eles não leem a bíblia eles não leem nada eles não leem versos no máximo o versículo adequado ao desjejum a bíblia – um feixe de livros nunca - eles tem horror a livros cagam e andam ao que está escrito eles não sabem ler se entendem por cifras sinais de arma e estrume soletram mal até 50 caracteres dos quais usam meia dúzia quando necessitam dizer algo vociferam regurgitam qualquer coisa não leem nada seu plano de governo é Jeremias 1:10 (que nunca leram) sua plataforma é João 10:1 (de ouvir falar) o letreiro das ruas é apenas uma mancha subversiva usam patas para folhear o menu pedem ajuda ao assessor para contar as drágeas suas rubricas são epitáfios (o poder caiu-lhe como uma lápide) também não leem o silêncio não leem nada e muito antes de falar aprenderam a mentir

quintalzinho surrealista

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poema de Leila Guenther QUINTALZINHO SURREALISTA Neste lado da lama O verde da grama resiste No seu fundo pastam peixes  E se enroscam os rabos dos cavalos-marinhos O verde é uma gama em cujos tons Se afundam as lesmas E em cujo raso trota uma anta solitária  Bebendo Fanta

tragédia

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poema de Adriane Garcia TRAGÉDIA Antígona Não pôde enterrar o seu irmão Por causa da Lei Creonte foi tomado pela febre Do poder Que em brasileiro quer dizer: podre E decretou: Polinice devia apodrecer sem Rito fúnebre Sem lágrima de irmã As aves sobrevoavam Com suas vísceras cheias de mau agouro E Tirésias, o cego, via: Junto com as matilhas que dilaceram Junto com Antígona enterrada viva Toda a Tebas será esse cadáver.