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Mostrando postagens de dezembro, 2020

Código de Barras

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  poema de Maria Marta Nardi     Código de Barras   as loucuras são súbitas e largas não cabem na pauta ferem, indiferentes   riso de faca na língua lábios finos dos que têm fatalidades como talento   proliferam todos os tipos de parasitas estreantes                         abutres                                            e aprendizes   à sombra de um passado trombeteiam imbecilidades   na antessala do mal carregam as noites em porões úmidos ostentam um gozo anunciado entre vaginas e ratos

Os urubus

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  poema de Demétrio Panarotto     [imagem: Roberto Panarotto] Os urubus                                                                                                        o robô pacto noite caminha pela cidade com o urubu em seu ombro                                                                 [lua violeta van gogh linda pra uma fotografia ou] o robô sobe em uma escadaria externa que o leva ao trigésimo andar de um prédio abandonado                                                                                            [nem todos estão abandonados] é o bicho de pena que indica onde a presa se encontra prontamente localizada a lata velha desce por uma corda de aço e não leva mais de vinte e um segundos para                                                                                                                      [chegar ao solo o cérebro exposto da presa tem o formato de um intestino outras anomalias são percebidas o robô ajeita uma

Memento & memorando

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  poema de Leila Guenther   Memento & memorando   para Carlos Augusto Lima   Não esquecer jamais os nomes e os números Desta vez eles estão tão unidos Que mudarão a história das línguas E da matemática   Pôr no papel a memória que se dissipa Como o ar que não chega aos pulmões   Reaprender a contar algarismos Como Sherazade aprendeu a contar estórias Noite após noite Colhendo o sopro que a faria dizer 1001 vezes Ou tantas quanto fosse preciso   Transformar a estória em história Quando nos mandaram calar   Tudo o que foi roubado, olvidado ou destruído Reconstruiremos com palavras   (Esse tijolo frágil Mas indigesto)