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Mostrando postagens de fevereiro, 2020

O leite dos ungulados

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poema de Aberto Lins Caldas o leite dos ungulados ● leite quente - leite podre - leite esperma - ● ● sangue no estrume - tropas de moscas - ● ● esperma rubro vindo das dores da noite - ● ● fria demais - q se enrosca entre dores - ● ● não espera - é so deserto escondido - ● ● porisso agarro o peito imenso q flutua ● ● como velho zepelim desgovernado - ● ● cheio de leite - gotejando como chuva - ● ● inverno - feridas me rasgam o peito - ● ● terei leite - terei uma noite - uma hora - ● ● quem sabe furtivo eu durma cheio ● ● do leite podre - leite sangue - dizendo - ● ● ?como dormir - ?como viver ● ● do imenso peito - mastigo o mamilo ● ● com dentes afiados - labios e lingua - ● ● quente o leite dos ungulados - ● ● ouvindo cascos baterem - ● ● afundando no estrume quente - ● ● alcateias de moscas ao redor - ● ● so a fome é mais quente ● ● q o leite dos ungulados - ● ● queimando labios e lingua - ● ● garganta e estomago - ● ● sem o leite dos ungulados ●

O SUSTO DE ISAQUE

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poema de Adriane Garcia O SUSTO DE ISAQUE Este pai cujo filho pergunta: Papai, se as brasas e a lenha estão aqui, Onde está o cordeiro? Este filho, sabe-se, não é uma criança Mas ainda assim sobe com a brasa Ainda assim a lenha nos ombros Este pai cuja esposa, sua meia-irmã Chora, pois pressente, como se um demônio Sussurrasse: seu filho corre perigo Este filho obediente o bastante para abandonar Sua mãe, sem compreender suas lágrimas Para subir a montanha, no silêncio do pai Este pai cuidadoso para não revelar o seu plano Para não estragar a oferenda ao Senhor Que ensina a preferir um filho morto Este filho que aprendeu a não ousar Adestrado cotidianamente para aceitar Qualquer ato da autoridade do pai Este pai que já se vê voltando sem o filho Este filho que poderia ter sido um milagre Mas que se deixa amarrar, mesmo tendo forças Este pai que deita o filho sobre a pedra Este filho que ainda procura o amor do

A Mamadeirocalização da Leitura

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poema de Guellwaar Adún A Mamadeirocalização da Leitura à sombra do mandrake do povo um cão desacorrentado cancelou o ano novo tudo em nome da família e o calibre é um 3 oitão nos zapzaps dos Bíblia entre micos, entre gritos a emancipação dos burros a promoção dos malditos uma passagem sem revolta no harém das bananeiras nos ministérios das escoltas um mar de histórias acena enquanto pela janela a vida em plena gangrena a menina de cá atravessa a vida como ela é e o rio segue sem pressa revirando ventres, diários os guias, noticiários Macunaíma incendiário Lima Barreto, outros ausentes antes das novas fogueiras vaticinaram pelos ventos a queima de autores broncos é lamentável, é sem desculpa mas são quase todos brancos "Boca em fel dos tritões engasgada de pragas": pode reinar Mil e uma Noites de terror, mistério e mortes, o cão desacorrentado ainda que prisioneiros no castel