é tão tarde


poema de Luiz Carlos Quirino







Já é tão tarde
e ainda nem começamos
a escuridão persiste ao longo do dia
acordamos exaustos
e há tanto a se fazer
o tempo esmaga nossos dedos
comprimidos sob os acontecimentos
nossas unhas são pretas
apenas os loucos mantém os dedos intactos
entretanto tenho pena deles
e temo por nós
por nossas unhas que cairão
mesmo com tanto ainda a se fazer
mas já é tão tarde
e tão escuro – 
sempre noite

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