a academia esqueceu de deitar
poema de Guellwaar Adún
a academia esqueceu de deitar
(para Conceição Evaristo)
imortalizando princípios
da klan verdugo-amarela
trinta e quatro
num chá dos cínicos
crônicos
pequenos
fazendo caca na entrada
fazendo caca na janela
esqueceram de deitar
e la nave va
uma nave vã
as uvas
permaneceram brancas
e la nave va
as uvas são falos broncos
uns maribondos sem fogo
uns moribundos sem gozo
esqueceram de deitar
o rouxinol entoa um jazz
sem arriscar ensinar
como se canta
aos pardais
pardais se apressam
corrigem
o canto dos rouxinóis
se esqueceram
nas ruas,
a noite não adormece
nos olhos das mulheres Negras
e no beco da memória
faremos Palmares de novo
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