carta aos amigos
poema de Vanderley Mendonça
CARTA AOS AMIGOS
estamos sós, camaradas.
já perdermos
mesmo se, por milagre, ganharmos
perdemos para os nossos
e não para o ódio da passeata da Paulista.
a hora da crítica não era agora
(certo, Mano?)
não era a hora, não é dahora
no palanque
já não ajuda abraçaços agora,
"leãozinho"
depois de chamar quem por ti lutou
de analfabeto ignorante
o monstro mostrou a fauce
a verdadeira face dormida
talvez não haja outra saída
(não leram o poeta?
ele avisou mais de uma vez
em 2013 e em 2016
um partido não é um escritório
digo a vocês:
e neste país só há um partido
que não é um escritório
tem nele milhares de pés descalços
milhares de mãos calejadas
que lutam e lutarão por vocês
mãos e pés que morrem e nunca escrevem canções
que germinam a terra com sangue
mirem-se nos exemplos da poesia no front
(apollinaire, ungaretti, hemingway)
vocês já viram alguém morrer na sua frente?
não pela violência das mortes na calçada
com corpos sob folhas de jornal
falo dos tiros no peito aberto da liberdade
dos corpos dos que morrem lutando por todos
então? não finjam medo ou sofrimento agora
no fim, serão os mesmos de sempre
pés descalços e mãos calejadas
os que vão nos devolver a liberdade
olhem para trás. passem o olho na História
estamos sós, camaradas
já perdemos, mesmo ganhando
resta-nos enfrentar a besta
sem medo sem glória
por que não há glória nenhuma nisso
CARTA AOS AMIGOS
estamos sós, camaradas.
já perdermos
mesmo se, por milagre, ganharmos
perdemos para os nossos
e não para o ódio da passeata da Paulista.
a hora da crítica não era agora
(certo, Mano?)
não era a hora, não é dahora
no palanque
já não ajuda abraçaços agora,
"leãozinho"
depois de chamar quem por ti lutou
de analfabeto ignorante
o monstro mostrou a fauce
a verdadeira face dormida
talvez não haja outra saída
(não leram o poeta?
ele avisou mais de uma vez
em 2013 e em 2016
um partido não é um escritório
digo a vocês:
e neste país só há um partido
que não é um escritório
tem nele milhares de pés descalços
milhares de mãos calejadas
que lutam e lutarão por vocês
mãos e pés que morrem e nunca escrevem canções
que germinam a terra com sangue
mirem-se nos exemplos da poesia no front
(apollinaire, ungaretti, hemingway)
vocês já viram alguém morrer na sua frente?
não pela violência das mortes na calçada
com corpos sob folhas de jornal
falo dos tiros no peito aberto da liberdade
dos corpos dos que morrem lutando por todos
então? não finjam medo ou sofrimento agora
no fim, serão os mesmos de sempre
pés descalços e mãos calejadas
os que vão nos devolver a liberdade
olhem para trás. passem o olho na História
estamos sós, camaradas
já perdemos, mesmo ganhando
resta-nos enfrentar a besta
sem medo sem glória
por que não há glória nenhuma nisso
Duro não ter esperança. Se ela se foi ficamos por que?
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