poema da extinção
poema
de Leila Guenther
Poema da extinção
A
noite destrói a oração dos insones, o coração das trevas e dos leões
[que ronronavam no tapete da
sala banhado pelo sol magro
[atravessando a janela
Benditos os cães que se eu pedisse me rasgariam a barriga e
Benditos os cães que se eu pedisse me rasgariam a barriga e
[mastigariam o pudim de vidro
que jantamos dias atrás
A selva e seu chamado trazem uma certidão de nascimento antiga e
A selva e seu chamado trazem uma certidão de nascimento antiga e
[rasurada onde não consta pai
Os que ainda não chegaram esperam na fila subterrânea junto às
Os que ainda não chegaram esperam na fila subterrânea junto às
[minhocas e comem
terra apenas por distração
Esta é a hora dos ruminantes, que nos espiam da eternidade
Esta é a hora dos ruminantes, que nos espiam da eternidade
[com a pena infinita
[de quem pisca os olhos com lentidão e extravagância
Já não há jaulas pelas quais lutar
E o sabiá já não abre o bico nem para dizer
“Nunca mais”
[de quem pisca os olhos com lentidão e extravagância
Já não há jaulas pelas quais lutar
E o sabiá já não abre o bico nem para dizer
“Nunca mais”
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