uma linha roxa


poema de Guto Leite





uma linha roxa


nos atravessando
pela barriga
não arrebenta
de tão fina
não desata
de tão frouxa
linha que explica
por que dói tanto
quando pulamos
quando gritamos
quando saímos
por aí dançando
perdendo a linha
que nos encontra
linha que esconde
suas próprias pontas
dentro dos outros
linha de tantos
mas de tão poucos
uma linha infinita
nos revirando
nos amarrando
dentro de casa
nos costurando
boca por boca
uma linha roxa
cor de sangue
enovelada nos
nossos cantos
cosendo o choro
nos nossos olhos
um ponto que fecha
tudo o que somos
dentro de nós
que é tempo de máquinas

(para o camarada Leonardo Antunes)

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