altar
poema de Clarissa
Macedo
Altar
Migra a coisa escondida
sem hora, sem dia.
O tempo repousa fundo
e corre pelas sombras e pelos vales.
Será que volta? Será que vem
levar da vida
as horas de trabalho,
as rezas não ouvidas,
os olhos demonizados
num lugar que não acalma,
nem guia
mas
bate e apavora?
Será que é pra lá
que vão?
Não olham o céu ou o dicionário
Mas, ah, a novela
- esse livro didático, esse mantra,
essa bíblia que enlouquece.
Deus proteja a família:
os filhos adoecidos,
a mulher lavando pratos,
o homem na rua babando por criancinhas
– o museu fechado.
O mundo e sua indústria da carochinha,
é dele o dinheiro sagrado.
Demolidor! Viva Clarissa! Viva a poesia!
ResponderExcluir