A Mamadeirocalização da Leitura


poema de Guellwaar Adún



A Mamadeirocalização da Leitura


à sombra do mandrake do povo
um cão desacorrentado
cancelou o ano novo

tudo em nome da família
e o calibre é um 3 oitão
nos zapzaps dos Bíblia

entre micos, entre gritos
a emancipação dos burros
a promoção dos malditos

uma passagem sem revolta
no harém das bananeiras
nos ministérios das escoltas

um mar de histórias acena
enquanto pela janela
a vida em plena gangrena

a menina de cá atravessa
a vida como ela é
e o rio segue sem pressa

revirando ventres, diários
os guias, noticiários
Macunaíma incendiário

Lima Barreto, outros ausentes
antes das novas fogueiras
vaticinaram pelos ventos

a queima de autores broncos
é lamentável, é sem desculpa
mas são quase todos brancos
"Boca em fel dos tritões engasgada de pragas":

pode reinar
Mil e uma Noites
de terror, mistério e mortes,
o cão desacorrentado
ainda que prisioneiros
no castelo desses doentes
daremos a volta por cima
sem rima e sem arrego

os sertões e os asfaltos
os morros, todas quebradas
nos salvarão das milícias
das mamadeirocas dos Bíblia

Machado será resgatado
Conceição obra inteira nos dedos
de Ponciás, Lumbiás & Davengas
nas escolas, memórias, nos becos

haverá descoberta do frio
Limeirização nos currículos Geni Guimarães, outros pretos
e todos os cadernos negros
o fim de um longo degredo


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